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terça-feira, 15 de julho de 2014

Ensinar música: mais que um lazer, um prazer

Ao mesmo tempo que algumas pessoas procuram música como uma profissão, outras procuram como refúgio. Expressando os nossos sentimentos através dos sons, relaxamos o corpo e alma, sentindo uma grande satisfação por fazer algo para nós mesmos, e isso faz com que no dia a dia tudo o que fazemos fique melhor.

A música ajuda tanto no desenvolvimento intelectual como no estímulo à criatividade. É reconhecida por muitos pesquisadores como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana e promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio.

Em 2010, na cidade de Resende Costa, o MAC (Movimento Arena Cultural), organizado por músicos da cidade, trouxe a oportunidade para que artistas amadores possam exibir seu trabalho para a população regional. Observando a necessidade de uma melhor formação musical dos artistas da cidade, Ângelo Márcio Resende fundou no ano de 2012 a Vibratos escola de Música que atualmente conta com seis professores ministrando aulas de violão, viola caipira, guitarra, baixo, bateria, acordeon, canto, teclado e musicalização, para mais de 100 alunos de diferentes faixas etárias. A escola conta também com um coral infanto-juvenil criado em 2014, em parceria com o curso de música da UFSJ. Com aulas semanais gratuitas, o coral possui cerca de 60 crianças e adolescentes.

Desde sua criação, a escola vem atendendo a diversos alunos interessados em aprender mais sobre o universo da música. Os adultos em geral procuram aprender mais sobre o instrumento e como tocá-lo, na maioria das vezes apenas por lazer. Já as crianças alimentam o sonho de formar ou participar de alguma banda, e para isso recebem o apoio de Ângelo. Ele ajuda as bandas recém-formadas a marcarem shows, e até mesmo promove eventos para divulgação na região. Como por exemplo, a apresentação do coral da escola, no dia 21 de junho de 2014 no anfiteatro do campus Santo Antônio na UFSJ.

Os ganhos que a prática musical proporciona, seja pela expressão das emoções, pela sociabilidade, pela disciplina ou pelo desenvolvimento do raciocínio, são valiosíssimos, e para a vida toda. Se antes as novas bandas e artistas que surgiam em Resende Costa não possuíam nenhum apoio e precisavam se deslocar para outras cidades para aprender mais sobre música, agora o quadro mudou Além de uma formação musical adequada, todos tem oportunidade de demonstrar seu trabalho para o público regional.

A escola só tem benefícios a trazer para seus alunos. Eles começam a ter oportunidade de trabalhar suas habilidades musicais, e assim, acreditar no sucesso no mercado da música. Já os moradores da cidade contam com mais opções de cultura e lazer no seu dia a dia.



Rafael Augusto


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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Terminal Rodoviário aguarda o ponto de partida para funcionamento


Foto: Ana Carolina Resende

Concluído em agosto de 2010, o Terminal Rodoviário, localizado na região central de Lagoa Dourada, permanece inutilizado. Diante do impasse, a Prefeitura Municipal declarou que a obra embargada pelo DETRAN ocorreu devido à falta de estrutura nas estradas de rodagem dos veículos.

A construção da obra teve seu projeto aprovado em agosto de 2007 dando início a execução em meados do ano seguinte pela Consill - Construtora Irmãos Lara LTDA. Em meio a prazos prorrogados, foram gastos aproximadamente 215 mil reais até sua conclusão em agosto de 2010, já na nova gestão. De acordo com o engenheiro responsável do governo atual, Adriano Barreto Pinto, o problema que paralisou a inauguração se deu pela necessidade de adequações, como calçamento das rodovias, entrada e saída para os veículos, falta de eletricidade e depredações decorrentes da falta de segurança em torno da obra.

A moradora do povoado Bela Vista, Joice Aparecida de Paula (26), usuária diária do transporte, afirmou que a maior falta que um terminal rodoviário faz é a garantia de vagas aos passageiros que não tem outra escolha a não ser comprar sua passagem no momento do embarque e dessa forma, o número de vagas são escassas. Crislaine Viviane da Rocha (19) acrescenta que a estrutura também seria eficaz para garantir segurança aos passageiros principalmente no embarque, na qual a maioria aguarda o transporte em rodovias movimentadas. Porém, ambas apontam como desvantagem o aumento nos preços da passagem devido às taxas rodoviárias.

O proprietário há pouco mais de um ano da empresa ML Informática, localizada em frente à parada de ônibus da BR 383, que corta a região central de Lagoa Dourada, Maxsuel Leonardo de Resende (23) declarou, dentre as desvantagens da localização de seu comércio, a espera dos passageiros na fachada da loja, já no momento de embarque e desembarque dos veículos, a insegurança e a falta de visão de pessoas no exterior para o estabelecimento. Contudo, as vantagens dessa ligação direta com os passageiros está no valor econômico, tanto em vendas de peças e acessórios, quanto no uso dos computadores enquanto aguardam pela condução. Apesar de admitir uma mudança no fluxo desses clientes quando a rodoviária começar a funcionar, não seria um valor significativo para o comerciante.

Atualmente, além dos desgastes acarretados pelo tempo, a obra sofre pichações e depredações tanto dos próprios lagoenses como pessoas sem teto que lá se abrigam. Prefeito desde 2008, Antônio Carlos Chaves de Resende, mais conhecido como Antônio Mangá, esclareceu que apesar de dificuldades encontradas para contratar profissionais de obra, iniciou-se o calçamento da estrada de acesso ao terminal no dia 26 de junho, a princípio contará com apenas uma entrada e saída dos veículos no loteamento particular finalizado no início do ano. Para ele, quando inaugurada, “a obra irá funcionar, principalmente, no quesito de organização e segurança para os usuários do próprio município”.


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O valor da música mineira

De famílias que há muitas gerações se dedicam à educação e à música, nasceu em São Brás do Suaçuí, em 1981, o grupo Coral. Primeiro da região a buscar ajuda profissional, o Coral Proto-Harmônico se desenvolveu e tornou muito conhecido, chegando inclusive a figurar na mídia nacional como um dos grandes grupos corais brasileiro. Em 2001, integrantes deste grupo, com a liderança de Christina Amâncio, fundaram a Escola de Música de São Brás do Suaçuí. Foi firmada nesta época uma parceria com a Gerdau Açominas e o governo, através das leis de incentivo à cultura. A Escola, desde então, vem passando por um intenso crescimento e hoje é um centro regional de ensino de qualidade, atraindo alunos de várias cidades. A Associação Coro e Orquestra de São Brás está se transformando na Fundação Cultural Jessé Pacheco.

Roberta Amâncio (25), ex-aluna e professora da escola, conta um pouco de sua história. “Bom, eu comecei fazendo monitoria na Escola de Música. Por volta dos 15 anos, trabalhei com a percepção musical (tanto na escola de música, quanto na escola municipal), um pouquinho com flauta doce e também com violino. Depois da faculdade comecei a trabalhar como professora de violino do nível básico (iniciação até os primeiros concertos de violino)”. Ela conta ainda como ama seu trabalho: “Gosto de tocar com a orquestra e de dar aulas de violino para as crianças, ainda mais agora que estou buscando fazer cursos de capacitação de professores. Adoro ver os meus alunos se apresentando! Atualmente tenho 18 alunos de violino, dez são novatos.” Completa: “Em 2008 comecei a estudar na UFSJ. Fiz licenciatura em Música com habilitação em violino”.

Christina Amâncio, diretora da escola, conta como tudo começou. “Eu sempre gostei de música, sempre foi minha vocação e missão ensinar. Agora quando abri a escola fui guiada por uma busca interna, difícil de definir na época, sabia só do desejo. Hoje sei que ele me conduz à oportunidade de exercitar uma filosofia de vida. A escola começou em janeiro de 2001. Hoje trabalhamos com todas as crianças de três a doze anos  de São Brás - na escola pública - e cerca de 100 na escola de música de São Brás e região. Temos nove professores do curso básico, três no curso médio e três regentes.”

Sobre os alunos e outras experiências, Christina afirma: “Como escola, nosso público são crianças e adolescentes. Como grupos que fazem música não temos um público específico. Na verdade tentamos levar a oportunidade de contato com arte, e isto custa caro. Então fazemos de graça para que todos possam ter igual acesso. A experiência mais bonita acontece quando em aula ou em concerto conseguimos entrar em sintonia e tocamos ou cantamos a um só coração. Esta é a maior dádiva da música, o contato com a unidade.”

A preparação dos alunos é totalmente estruturada. Alguns alunos  da Escola foram aprovados em vestibular apenas com curso básico. As universidades tem uma imensa variação no nível dos cursos, o que faz com que eles se sintam preparados para um ingresso em qualquer universidade.

Matheus Filipe (18), aluno da escola, fala sobre a escolha de seu instrumento e futuro, “escolhi o oboé por causa da sonoridade e pelos vários recursos que ele oferece. Toquei pouco tempo de viola e me especializo também em piano, nesse momento. Quando comecei, aos onze anos, tive dificuldade em entender o sentimentalismo e a sonoridade necessária para tocar a música “Saudade”, na qual faço solo. Toco há quase oito anos. Pretendo fazer faculdade, primeiramente, de música popular na UFMG neste ano, e futuramente, farei também de oboé.”



Christina Amâncio, Matheus Filipe e Roberta Amâncio


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Choque Cultural entre universitários e sanjoanenses

Os universitários chegaram de forma abrupta na cidade de São João del-Rei, ou seja, com culturas e valores diversificados que contrapõem as ideologias conservadoras que por aqui permeiam. Contudo, essa vinda dos estudantes de várias regiões de Minas Gerais, de outros estados e até mesmo de outros países, permitiram outro momento para a cidade sanjoanense, mas de forma benéfica.

Cidade turística, cultural, pacata e de 300 anos, que atrai pessoas de várias localidades para apreciação e que ainda mantém a tradição quanto aos valores morais, às crenças e à cultura local. Nota-se que a calmaria, em partes, se fora com a chegada dos estudantes que realizam festas em repúblicas, nas boates, algazarras nas ruas e nos bares, fazendo com que as características que marcam a região se percam. O choque cultural entre os universitários e os naturais da microrregião torna-se significativo, de fato, já que culturas diferentes entram em conflitos de ideologias entre conservadores da cidade e estudantes mais liberais.

A imagem passada pelos estudantes nem sempre é das melhores. É necessário destacar os trotes que marcam a chegada de calouros - deixando sujeiras pelas ruas - bagunças, barulho e permanecendo uma má visão para jovens e crianças de tais atos. Além do preconceito recorrente dos moradores ao associar o uso de drogas ilícitas e o excesso do consumo de bebidas alcoólicas aos universitários, causando assim transtornos na sociedade. A depreciação dos bens históricos e municipais também é pertinente já que pichações são notadas até mesmo dentro da própria instituição e divulgações dos eventos e festas universitárias são colados em qualquer local, proibidos ou não.

Porém, existem outros lados que muitos notam e dão valor, afinal a vinda dos universitários também traz pontos positivos e permite um maior desenvolvimento para a cidade. Isso fica evidente já que São João del-Rei é conhecida por ser uma cidade, além de turística, forte também no comércio. Assim, lanchonetes, bares, restaurantes, lojas etc, aumentam sua clientela e o lucro, consequentemente. Supermercados e pequenos mercados se beneficiam inegavelmente com o consumo diário de universitários. Moradores locais se aproveitam da oportunidade para oferecer aos estudantes, em grande parte de outras localizações, aluguéis de casas, apartamentos e a criação de pensionatos.

Esse desenvolvimento econômico, que permite a maior circulação de capital na cidade, é o grande interesse dos comerciantes, assim como guias turísticos que trabalham para atender as famílias que se interessam e valorizam a peculiaridade local.

Outro ponto a se destacar com a vinda dos universitários é a riqueza de culturas, o que gera conflitos pelas diferenças, por vezes gritantes também une, informa e ensina. Os estudantes e a própria Universidade compartilham e aprendem em terras sanjoanenses vivências e conhecimentos de outras regiões e países na vida cotidiana. Sendo necessário dar o exemplo de shows musicais em geral, as manifestações de teatros, as danças e as oficinas que são realizados no Inverno Cultural e que permite a interação de diversas culturas e a aproximação entre alunos e toda a sociedade ao acompanharem e participarem do festival, assim como a organização e cooperação no que é preciso.

Pode ser que uma parte dos universitários traga problemas para a imagem da cidade, mas precisamos ser sinceros ao admitir que os estudantes sentem-se parte dessa região e somam bons pontos para a cidade. Os até então conservadores, avessos ao diferente, se vêm cada dia mais obrigados a aceitarem e a interagirem com o outro e o oposto para que assim, o desenvolvimento social, econômico e acadêmico continuem se destacando. Além de levarem o nome da cidade a outras localidades, atraem maiores públicos e beneficiam os moradores com as oportunidades quanto aos ensinos superiores.


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Poesia que faz bom tempo em Divinópolis


Adélia Prado - Foto: Eduardo Simões


“Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus”, são as palavras de Carlos Drummond de Andrade que definem a poetisa mineira Adélia Prado. Nascida em Divinópolis, onde reside até hoje, ela é mãe de cinco filhos, dona de casa, e lecionou filosofia por vários anos antes que sua carreira como escritora lhe tomasse todo tempo. A capacidade de transpor o cotidiano de mãe, mulher, religiosa e dona de casa para a linguagem poética, concedeu à obra de Adélia enorme importância literária dentro e fora do Brasil. Suas obras já foram traduzidas para diversas línguas, adaptadas para o teatro, e merecedoras de premiações importantes. “O coração disparado”, seu segundo livro, recebeu o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, e atualmente, a escritora foi agraciada com o Griffin Poetry Prize, premiação de poesia mais importante do Canadá e uma das mais importantes do mundo.

Para dimensionar um pouco a importância da obra desta autora, basta lembrar que seu primeiro livro, “Bagagem”, foi publicado por indicação de Drummond, que achou seus poemas “fenomenais”. “Adélia é uma das raras escritoras que já nasceram prontas. Tanto é, que seu primeiro livro, Bagagem, contém o seu máximo como escritora”, comenta João Carlos Ramos, vice-presidente da Academia Divinopolitana de Letras. Ele completa dizendo que “sua poesia convenceu Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant’Anna, Divinópolis, o Brasil e agora o mundo.”

Ainda sobre a relação da autora com Divinópolis, João Carlos afirma que a importância da escritora para a cidade é grandiosa e algo raríssimo. “Qual outra pessoa, em qualquer segmento, leva o nome de Divinópolis a nível mundial? Seja na área da politica, economia etc... nenhuma. Então Divinópolis hoje é reconhecida mundialmente através do trabalho da Adélia Prado”, afirma o também poeta. Enveredando-nos mais na poética desta mulher, podemos afirmar laços ainda mais estreitos entre ela e Divinopólis, uma verdadeira relação de interdependência: se Adélia leva essa pequena cidade interiorana de 200 mil habitantes a conhecimento mundial pela sua poesia, seus versos são nascidos do dia-a-dia neste mesmo lugar. “Meus livros estão todos enterrados na beira da linha do trem”, afirmou em entrevista concedida ao programa Roda-Viva em março deste ano, tendo morado a vida inteira nas proximidades da ferrovia divinopolitana.

Além do uso do cotidiano, o elemento religioso advindo do seu catolicismo tradicional também é um dos ingredientes centrais da obra. A presença divina é percebida em tudo pela poetisa, que escreve dando à vida simples um sentido de transcendência. Adélia declara em depoimento prestado a Giovanni Ricciardi: “Eu encaro a literatura como uma vocação, um dom do qual eu não posso dispor na hora que eu quero; acontece na hora que Deus quer, então eu fico à mercê disso.”

Além da religiosidade, Alba Durães, professora de Literatura e Cultura, acredita em dois elementos como sendo principais na obra da autora: o feminino e a simplicidade mineira. "Com a leveza feminina, a autora se envereda pelos temas como se não quisesse nada, mas as palavras revelam muita sensibilidade e posicionamento firme sobre as questões da vida e o existencialismo". A simplicidade profunda dos seus versos torna a leitura prazerosa, envolvente e reflexiva. Laura Gomes dos Santos, estudante, declara com gosto: “O olhar poético de Adélia é coisa rara: simples, sutil e, ao mesmo tempo, carregado. Ler poesias assim, que fazem carinho na alma, era tudo que o mundo estava precisando.”

O talento da poetisa é incontestável e intimamente ligado ao seu ser. “É uma pessoa de uma simplicidade, muito autêntica, muito sincera, de uma amizade profunda... O espirito da Adélia é franciscano... Sabe, é aquele encantamento com a vida, com a natureza, com tudo...”, declara Maria Cecília Guimarães, grande amiga da poetisa. A cidade, o cotidiano, a igreja, as tardes de domingo… Tudo transcende nos versos desta mulher de verdade, que ao escrever faz brilhar o sol.



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Vereador Gilberto pode ser afastado do cargo

Foto: blog Favo com Pimenta

Gilberto Santos (PMDB) está prestes a deixar a mesa de vereadores que compõem a Câmara Municipal de São João Del-Rei. A cassação de seu mandato foi aprovada pela Comissão de Ética, por suposta fraude em recebimento do Bolsa Família. No entanto, a relatora Jânia Costa votou contra, alegando ausência de provas. Agora a situação de Gilberto vai à plenário.

A vereadora Jânia afirmou que, ao analisar todos os documentos do processo, não encontrou nada no nome do acusado mas sim em nome de Gislaine, que não era casada oficialmente com o vereador e não residiam juntos quando os benefícios do programa foram concedidos à família. De acordo com a relatora, a mãe dos filhos de Gilberto se inscreveu no Bolsa Família no ano de 2006. Porém, somente em 2009 ela conseguiu participar do programa, quando não estava mais com o até então vereador. Documentos analisados por Jânia comprovam que na casa residiam apenas quatro pessoas:  Gislaine e seus três filhos, sendo apenas dois do vereador. No entanto rasuras nos documentos podem causar uma invalidação nas informações que apontam Santos como integrante da família e beneficiário do programa.

E ainda declarou: “O prazo certo que ele (Gilberto) voltou a viver com ela (Gislaine) foi quando eles resolveram se casar, em janeiro de 2013. Dessa data em diante ela já tinha parado de receber, até porque ela recebeu uma correspondência que fala a respeito das faltas dos meninos na escola, o que paralisou o pagamento.”

O vereador e participante da Comissão de Ética, Fábio dos Santos, afirma que o vereador Gilberto constituia família com Gislaine, mesmo que não tenha oficializado o matrimônio, já que toda e qualquer união em uma única casa é vista pelo governo como família e influencia no processo de admissão do programa. Ainda não há nada que comprove o abandono do lar por parte do vereador. Se o acusado faz parte do grupo familiar e ele mesmo admitiu que a esposa recebeu os benefícios, obviamente ele também foi beneficiado. E justificou: “Ele (Gilberto) teve a oportunidade de dizer onde residiu e preferiu ficar em silêncio. Em uma das reuniões da Câmara ele afirmou que nunca se mudou de lá.”

A aprovação da cassação do vereador Gilberto pela Comissão de Ética foi apenas o primeiro passo, agora o processo passará pela Comissão de Justiça Legislação e Redação, a qual fazem parte os vereadores Cabo Zanolla (DEM), Lívia Guimarães (PT) e Cláudio Apolinário (PDT). O assessor de imprensa do presidente da Comissão declarou:“Se o processo foi feito da maneira correta, a comissão aprova e aí vai para o plenário,  assim o plenário vota a cassação”. A partir desse recebimento, a comissão tem o prazo de cinco reuniões ordinárias para concluir a análise. A previsão para que saia o parecer da Comissão de Justiça Legislação e Redação é somente para setembro, a partir daí, a polêmica será levada à plenário.

Caso o parecer da bancada seja favorável, o acusado será automaticamente afastado da sua função de vereador, podendo recorrer a justiça em prol de uma liminar para retornar as suas atividades.

Em conversa, a estudante Rafaela, de 17 anos, mostrou-se favorável a cassação do vereador e disse: “Ele está tirando o direito de outras pessoas!”
Cláudia Cardoso, estudante de Direito, foi quem abriu o processo contra o vereador. Há muito se ouvia boatos do recebimento do Bolsa Família pelo núcleo familiar do vereador Gilberto. Apenas quando Cláudia teve acesso ao nome da até então esposa do vereador que foi constatado o recebimento do benefício: “Um dia descobri quem era a mulher dele, e pelo nome acessei o portal da transparência. Está tudo lá, tudo o que foi pago e quando ela recebeu.”

Quando a estudante tornou pública a suposta fraude do vereador, foi processada e Gilberto pediu indenização de 25 mil reais por danos morais. E ainda completou: “Depois que contei na Câmara que tenho um vídeo dizendo que se algo me acontecer a responsabilidade é dele, as ameaças pararam de chegar aqui”.  O processo aberto por Cláudia foi adiado para setembro em função da ausência do acusado na data prevista, que foi explicado por um atestado.

Procuramos por Gilberto Santos e em nenhuma visita à Câmara o encontramos; por telefone, o vereador se recusou a falar sobre a polêmica.



Portal da Transparência do Governo Federal que prova o recebimento dos benefícios do programa pela Sra. Gislaine, o que contradiz o parecer da vereadora e relatora da Comissão de Ética, Jânia Costa.

Vereador Gilberto Santos, acusado de fraude no programa Bolsa Família - Foto: Barroso em Dia

Integrantes da Comissão de Ética (Jânia Costa, Fábio dos Santos e Fio da Dona Glória). - Foto: Jornal Tribuna



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Araripe, o mestre das flores

O pintor Oscar Araripe: agraciado com honrarias no Rio e em Paris: tempos de colheita - Foto: Acervo Fundação Oscar Araripe

Oscar Ararípe é um homem de fino trato. Sua casa em Tiradentes, junto ao estúdio e sede da Fundação que leva seu nome, na ladeira da Matriz (Rua Direita), é um dos endereços mais charmosos e caros de Tiradentes. Na sala de exposições, com 80 metros quadrados em puro branco, com direito a um piano de cauda também branco, suas telas multicoloridas reinam absolutas. No atelier, livros de arte, uma cristaleira antiga e histórias de vida: um retrato de Cidinha, sua linda mulher, e a medalha artística das Olimpíadas de Londres. No terraço, onde costuma pintar, inusitadamente, o paredão azul da Serra de São José se impõe. Tudo atrai o olhar e o interesse, como a história de Oscar Araripe. Mas nem sempre foi assim. O pintor consagrado que iniciou a Faculdade de Direito e foi diversas vezes punido como “subversivo”, se refugiou no exterior e posteriormente num sítio em Mirantão, onde viveu mais de dez anos sem luz elétrica. Homem de múltiplas habilidades levantou polêmica na imprensa, na arte e na vida e deixa a sua marca, em tudo que se propõe a fazer.


Trajetória

O jeito, a prosa, o bom humor e o estilo é de carioca. A calma, o espírito anfitrião, o charme e a camaradagem é de mineiro. E foi assim, moldado na nobreza dos subúrbios do Rio de Janeiro, antes de ganhar o mundo, e depois, aterrisar em solo mineiro, que Oscar Araripe construiu a sua história intrigante, guiada por genuínas paixões e, por isso mesmo, emocionante. De estudante e militante político, escritor e jornalista, até se tornar pintor e viver da arte, a ousadia de quem reinventou a própria história.

Oscar Araripe nasceu e foi criado na Tijuca, zona norte do Rio, até se mudar para Ipanema. Iniciou os estudos na Faculdade Nacional de Direito, em 1964, e como militante do lendário CACO e depois, da Ação Popular (AP) foi cassado e suspenso das aulas. Nascia um líder e defensor de todas as liberdades. Perseguido, se exilou nos EUA com bolsa de estudos. No teatro, foi ator, escritor, tradutor e crítico. No jornalismo, editor cultural, colunista, redator e repórter do Correio da Manhã, Última Hora e Jornal do Brasil. Viajou à Polônia, Alemanha e a China, o que resultou no livro “China, o Pragmatismo Possível”, de 1974. Com o sucesso da obra vê fecharem-se as possibilidades de trabalho na grande imprensa e fora dela. Com determinação, se recolhe no remoto vilarejo de Mirantão, interior de Minas, sendo obrigado a inventar um novo trabalho. É quando no dizer do marchand Jean Boghici “achata as palavras e se torna pintor”.  


Nasce um pintor

A curiosidade e o fôlego que inspiraram o jovem repórter também marcaram a vida de Araripe em suas experimentações artísticas, como o suporte sintético usado em suas telas. Autodidata, rejeitado pelas grandes galerias, abre sua galeria pessoal quando se muda para Ouro Preto, no final dos anos 80, após 13 anos em Mirantão, pintando, escrevendo e trabalhando como apicultor. Em 1993 muda-se para Tiradentes, onde inaugura estúdio e galeria pessoal. Em Porto Seguro, onde vive por quatro anos, inaugura a fase das marinas. Seu trabalho, já reconhecido, salta as fronteiras do Brasil e Araripe começa a participar de exposições internacionais. Nos últimos anos, abandona todos os temas e concentra-se nas “flores” com a mesma paixão que abraçou tudo em sua vida “Depois de Deus, ninguém produziu tantas flores” disse Sérgio Rouanet.

De volta a Tiradentes, inaugura em 2006 a Fundação Oscar Araripe, com foco na inserção social pela educação através da arte, acolhendo todas as classes sociais, intelectuais e estéticas.


Tempo de colheita

De lá até aqui, tempos pródigos para o escritor e pintor Oscar Araripe, com projetos concretizados, como o belíssimo Artbook sobre sua vida e obra, e reconhecimento pelo trabalho realizado. Em 2012 recebeu a Medalha de Ouro nas Olimpíadas Artísticas de Londres, e teve o livro O Direito à Arte, lançado em sua homenagem. No mesmo ano, expôs na prestigiosa Galeria Teodora em Paris, como pintor convidado. Em 2013, no entanto, uma conquista emocionou o ex-militante da Ação Popular (AP). Após 48 anos, foi anistiado pelo governo, numa das ações da Caravana da Anistia.


Prestígio e reconhecimento

Os tempos de glória continuam e nos próximos meses Araripe coleciona medalhas, honrarias e também desafios no empreendimento que inicia. A temporada de louros não é por acaso, é o reconhecimento de muito trabalho, persistência e empreendedorismo. No mês passado o pintor foi agraciado pelo conjunto de sua obra com a medalha de ouro da Academia de Artes, Ciências e Letras de Paris, uma das maiores honrarias da França. Desde maio, Araripe já marca presença em Paris com exposição permanente na prestigiada Galeriedes Glaces, em Nantes, na qual expõe 16 telas florais.



Home Gallery

Mas o que se tornou a menina dos olhos do pintor é o novo empreendimento em Belo Horizonte, a ser inaugurado ainda este mês. A bela Home Gallery representa o novíssimo conceito de exposição de arte no mundo. “Não é para morar, é para namorar, relaxar, admirar as pinturas, conversar, receber os amigos e colecionadores em um ambiente genuíno e familiar” explica o artista.

Sobre sua obra, que une os mais diversos públicos, nada a acrescentar ou retirar. Do repertório refinado de quem já pintou o mundo e agora se rende às flores, muitas flores, a intimidade com o pincel e as cores, o longo caminho até a estilização e o resultado final, onde a personalidade do pintor se mescla à essência da obra: único, convincente, vibrante e natural.



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